(…) Passo a explicar: as chuvas
originam a entrada de toda a espécie de bicharada nas cubatas; o capim alto e
verde é um habitat óptimo para toda a espécie de insectos; o calor e a humidade
são o laboratório ideal para a proliferação de germes, bacilos, etc., agravados
pela falta de higiene. Diariamente, passam-me pelas mãos cerca de duas dezenas
de crianças (às vezes mais) cheias de eczemas, feridas, crostas, úlceras,
borbulhas, dos tornozelos até à cabeça (incluída). As borbulhas “rebentam” e
deixam uma ferida aberta, em carne viva, tal e qual uma queimadura, e que é
dificílima de sarar! Estas chagas vão de 5mm a 5cm de comprimentos. Dizem-me
que a origem destas “queimaduras” é devida a um tipo de aranha pequenina que
existe nesta época das chuvas (capim e casas) e que por onde passa ou toca,
“queima”. Francamente não sei. Sei que é uma batalha tremenda minorar o
sofrimento destas criancinhas que ainda por cima são de uma coragem física
espantosa.
Passo a vida rodeada de crianças
pequenas que me seguem religiosamente por toda a aldeia; afago-as, trato delas,
de vez em quando dou-lhes um rebuçado e é claro que me adoram… e eu retribuo!
Depois, temos o programa de nutrição dos “mais pobres dos pobres”.
Ana Maria (Voluntária da APARF ao serviço dos Leprosos)
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